sábado

Vou-me à procura do carinho de outrem. Não quero mais viver assim, marcada para envelhecer amargurada, com as bochechas caídas pelo peso da expectativa frustrada. Você me dá carinho como a um cachorro, um carinho sem atenção,preguiçoso. Você passa a mão pelos meus cabelos como a um carpete, enfia os dedos moles e coça sem paixão, de olhos fechados, não para me sentir, mas pronto para dormir! Seu carinho só faz bem à você, seu carinho sem força, pronto somente para atender a um pedido, pedido suplicado, quase ao chão, com a face escondida pela quase certa negação.
Vou-me embora à procura do tempo de outrem. Não vou me aquietar frente a esse desespero de te dar carinho tentando suprir minha falta. Você se deita comigo para ganhar, para sugar de mim minha energia - e como o faz bem! - mas não me aperta com medo de que ao acordar eu não esteja mais ali, não me sufoca com palavras de amor ou beijos de promessas eternas. Você me ama como a uma almofada nova.